Fotografia e
Antropologia
Mesalas
Santos
Desde a sua criação, a fotografia sempre esteve
ao lado da antropologia, pode-se
dizer que foi
amor à primeira
vista, como se costuma dizer,
um romance de
sucesso que taz resultados
importantes. No século XVIII, o registro de sítios arqueológicos através do uso da fotorafia tornou-se uma interessante abordagem científica, porque antes os materiais
utilizados baseavam-se em desenhos
que poderiam ser fruto de imaginação, facilmente corrompido pela forma
como o artista percebe a realidade, enquanto a fotografia supõe-se captar a
realidade como ela é.
Para o final do século XIX, a fotografia se espalhou para outros ramos da antropologia. No
caso da fotografia
etnográfica, um de
seus primeiros exemplos foi
John K. Hillers,
que em 1870
foi contratado pelo Departamento de
Etnologia Americana para fotografar várias tribos
do sudeste dos Estados Unidos (Banta e Hinsley,
1986:40). Em 1880,
a antropóloga Alice Fletcher trabalhou para
o Museu Peabody
e tirou fotos dos índios Omaha Sioux
de Nebraska e Dakota.
Em 1886, Franz Boas, começou
o trabalho de campo entre o grupo Kwakiutl
ao largo da costa noroeste da América do
Norte. Mas apesar da importância de suas
informações, não há dúvida da
insuficiência das fotografias como
produto de muitos anos de pesquisa. O potlatch, uma cerimônia
tão complexa e
rica em tradições, crenças,
foi pouco refletida, explorada, em
algumas das fotografias que ilustram seus
textos.
No início da
década de 20, Malinowski realizou pesquisas na Melanésia. Como parte deste
trabalho também têm uma série de fotografias que ilustram certas
características e atividades da vida Trobriandesa. Mas, apesar do
reconhecimento que merece o rigor etnográfico de Malinowski em seu trabalho,
podemos ver semelhante falta como em Boas. Com absoluta certeza, o foco desses excelentes
etnógrafos na utilização da fotografia em suas pesquisas serviu apenas como um
meio para ilustrar a descrição etnográfica.
A fotografia
é uma ferramenta útil para o antropólogo e é um elemento quase imprescindível
nos trabalhos do campo. É muito valiosa para a análise, e uma fonte de
informação em primeira mão para a pesquisa, objetos de análise de documentos e
consultas, em vez de serem utilizadas apenas para ilustrar os trabalhos. Nesta
época do uso e abuso da imagem, os interessados em áreas da ciências humanas,
como a história social, antropologia, sociologia, etc., não podem ignorar o
conhecimento e análise do que vemos através do tratamento da fotografia como
documento.
As fotografias são objetos de leitura e interpretação. A fotografia, assim como outros documentos, contém as
mensagens, só que eles são em forma gráfica, por isso precisamos de um método
de interpretação que permite ler ou interpretar a imagem. Para fazer isso
existem duas escolas: a ideológica e semiótica. A perspectiva ideológica critica a suposta neutralidade e
objetividade das imagens e sua seleção, produção e divulgação de acordo com
determinadas práticas e costumes sociais. A perspectiva semiótica argumenta que
a fotografia, assim como qualquer outra expressão gráfica são
"textos" cheia de códigos e mensagens, significantes e significados,
que exibem um jogo entre denotação e conotação através do qual os significados
são atribuídos.
A
fotografia não é simplesmente uma cópia da realidade visível, nem uma réplica
fiel da percepção humana, mas uma representação
altamente convencional. O trabalho fotográfico não se move no campo da verdade,
mas da verossimilhança, pois quem pode afirmar com absoluta certeza que uma
imagem de um grupo de soldados que estão segurando suas armas, é uma luta ou um
ato de formação? A verdade da imagem não está contida na foto, depende do
conhecimento do contexto. Qualquer discussão sobre a ideologia de uma mensagem
fotográfica devemos considerar a teia de relações que tornam inteligíveis. Dessa
forma, toda a comunicação fotográfica deve considerar a relação entre o que o
autor quer dizer, os recursos lingüísticos de seu ambiente e os códigos de
credibilidade e capacidade de leitura de seus receptores.
Bibliografia Consultada:
BANTA,
Melissa y HINSLEY, Curtis. From Site to Sigth: Anthropology, Photography, and the Power of Imagery. Cambridge, Massachusetts, 1986.
GARCÍA, Néstor. “Fotografía e
ideología: sus lugares comunes” En: Hecho
en Latinoamérica, México, Instituto Nacional de Bellas Artes, 1982.
HERNÁNDEZ, Octavio. “La
fotografía como técnica de registro etnográfico” En: Cuicuilco, núm. 13, mayo-agosto de 1988, pp. 31-52.
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